Ela queria ver o mar em um dia de semana cheio de trabalho, sair com as amigas sem se importar de como voltaria para casa, cantar e dançar mesmo sem talento nenhum para tal.

Ela queria sorrir, não, ela queria gargalhar como não fazia há tempos, se apaixonar pelo cara errado e chorar como se aquilo doesse mais do que qualquer coisa.

Ela queria pagar um grande mico público, conquistar algo que há tempos almejava e comemorar. Queria beber, embebedar, embebedar-se.

Ela queria viajar sem destino com algum estranho que lhe oferecesse carona, parar em qualquer espelunca de estrada. Queria alcançar o inalcançável.

Ela queria transar com quem lhe desse o mínimo de carinho e elogios baratos naquele bar, sexta a noite. Queria se sentir vazia, podre, suja, para assim se preencher.

Ela queria preencher-se, de luz, de amor, de lembranças, momentos, segredos, dela, apenas dela.

Queria o mundo, as estrelas e o que mais coubesse em sua bagagem. Mas ela nunca fazia o que queria, apenas sonhava enquanto degustava daquele café fraco, naquele escritório fechado e sem vida.